Nas Profundezas Estratégicas: Desvendando os SLBMs JL-2 e JL-3, a Nova Fronteira Nuclear da China
No xadrez geopolítico moderno, a capacidade de projetar poder nuclear a partir das profundezas oceânicas é o trunfo definitivo para a dissuasão.
A China, com sua característica estratégica, tem construído uma formidável força nuclear naval.
Para o olhar de um detetive que busca os bastidores do poder global, os Mísseis Balísticos Lançados por Submarinos (SLBMs) JL-2 e JL-3 são peças-chave desse intrincado quebra-cabeça.
JL-2: O Pioneiro das Profundezas
Desde a década de 1990, Pequim tem investido pesadamente na construção de submarinos de mísseis balísticos com propulsão nuclear (SSBNs), armados com SLBMs de combustível sólido.
A partir de 2007, a Marinha do Exército de Libertação Popular (ELP) colocou em operação os SSBNs Tipo 094, cada um uma fortaleza subaquática capaz de carregar 12 mísseis JL-2.
Atualmente, seis desses submarinos patrulham os oceanos, com mais dois em fase de construção, indicando uma expansão contínua da frota.
O JL-2 não é um míssil qualquer.
Ele se beneficia da tecnologia avançada desenvolvida para os ICBMs terrestres DF-31 – e, provavelmente, do mais moderno DF-41.
Essa sinergia tecnológica garante ao JL-2 um alcance respeitável de até 8.000 km.
Em termos de ogivas, ele é versátil: pode transportar uma única ogiva da classe megaton, com poder devastador, ou até oito ogivas MIRVed (Múltiplos Veículos de Reentrada Independentemente Alvejáveis), permitindo que um único míssil atinja múltiplos alvos simultaneamente em lugares diferentes.
JL-3: O Futuro da Dissuasão Submarina Chinesa
A partir de 2022, a China iniciou uma transição estratégica: os JL-2s estão sendo gradualmente substituídos pelo JL-3, um míssil ainda mais avançado.
Apesar de compartilhar dimensões físicas semelhantes, o JL-3 representa um salto tecnológico significativo.
Sua primeira aparição pública ocorreu no desfile de 3 de setembro de 2025, um evento que serviu como vitrine do poder militar chinês.
As estimativas apontam para um alcance do JL-3 de cerca de 10.000 km, superando seu antecessor e ampliando consideravelmente a área de cobertura e as opções de ataque da China.
Além disso, as cargas úteis MIRV são padrão neste novo míssil, consolidando a capacidade de ataque múltiplo como um pilar da dissuasão naval chinesa.
A Prioridade Estratégica: O Componente Marítimo Nuclear
Com a construção dos novos SSBNs Tipo 096 já em andamento, o componente marítimo de suas forças nucleares estratégicas é uma prioridade máxima.
Submarinos silenciosos, armados com mísseis de longo alcance e múltiplas ogivas, representam uma capacidade de segundo ataque quase indetectável e invulnerável para radares da OTAN, Estados Unidos, Israel ou Rússia.
Essa capacidade subaquática confere à China uma robustez nuclear que poucos países possuem.
Em um cenário de conflito, a certeza de que a China pode retaliar massivamente qualquer força naval, terrestre e aérea em questão de minutos, mesmo que suas forças terrestres não entre em combate, atua como um poderoso fator de dissuasão.
Os JL-2 e, em particular, o JL-3, são os guardiões silenciosos, flutuando nas profundezas e garantindo que o "poder do dragão" seja sentido em qualquer canto do globo.
