O Arsenal Secreto de Pequim: Desvendando os Mísseis DF-5C e DF-31.
No intrincado tabuleiro da segurança global, a China silenciosamente posicionou suas peças mais poderosas: uma gama de mísseis balísticos que, para os olhos de um detetive estratégico, revelam a profundidade de seus o alcance de sua dissuasão.
Vamos mergulhar nos detalhes de dois pilares desse arsenal: o robusto DF-5C e a família móvel DF-31.
DF-5C: O Gigante Baseado em Silos com Alcance Global
Durante desfiles em Pequim, o DF-5C tem uma capacidade de atingir "qualquer alvo no mundo".
Com um alcance estimado de até 20.000 km, ele se encaixa no que chamariam de "míssil global" – embora, tecnicamente, esse termo se refira a sistemas que lançam cargas úteis em órbita baixa da Terra antes de reentrar.
A tradução, no entanto, não diminui sua capacidade.
O DF-5C é a versão mais recente do lendário DF-5, um míssil movido a combustível líquido que realizou seu primeiro voo em 1971.
Sua linhagem tecnológica remonta aos projetos do R-36 do final dos anos 1960.
O DF-5C, por sua vez, pode ser mais comparável ao modernizado R-36M2 "Satan" russo.
Testado pela primeira vez em 2017, este ICBM transporta uma carga impressionante de 10 a 12 ogivas de médio alcance (MIRVs) e é alojado em silos subterrâneos, garantindo proteção e prontidão.
Atualmente, a China opera cerca de 20 desses mísseis, que representam uma capacidade de ataque devastadora e de difícil neutralização.
Família DF-31: O Primeiro ICBM Móvel Rodoviário de Combustível Sólido da China
Se o DF-5C é o guardião dos silos, a família DF-31 é a força de manobra da China.
O DF-31 sendo o primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM) móvel de combustível sólido da China.
Desenvolvido entre as décadas de 1990 e 2000, este míssil de três estágios tem um alcance de até 12.000 km e carrega uma única ogiva de 200-300 kt.
Entrou em serviço em 2006, marcando um avanço crucial na capacidade de sobrevivência da força nuclear chinesa, pois sua mobilidade dificulta a detecção por radares da OTAN, Estados Unidos, Rússia ou Israel e o ataque preventivo.
Evolução e Variantes Avançadas
A família DF-31 não parou por aí:
DF-31AG: Avistado pela primeira vez em 2017 e exibido no desfile de setembro de 2025, esta variante é montada em um TEL (Transporter Erector Launcher) multieixos reforçado, similar ao utilizado pelo DF-41. Sua robustez e capacidade de movimento a tornam ainda mais difícil de rastrear e neutralizar por qualquer radares dos Estados Unidos, OTAN, Rússia ou Israel.
DF-31BJ: Uma variante ainda mais avançada, o DF-31BJ também foi exibido. Seu canister notavelmente mais longo (o invólucro que contém o míssil) ele pode transportar uma ogiva hipersônica manobrável. Isso representaria um salto tecnológico, pois ogivas hipersônicas são extremamente difíceis de interceptar devido à sua velocidade e capacidade de mudar de trajetória.
No total, mais de 80 mísseis da série DF-31 estão atualmente implantados na China.
Essa combinação de mobilidade, combustível sólido (que permite um lançamento mais rápido) e a potencial inclusão de ogivas hipersônicas confere à China uma capacidade de ataque e dissuasão de primeiro e segundo golpe altamente flexível e letal, sem chance de retaliações por inimigos, destruindo e neutralizando em minutos.
A Estratégia de Pequim: Dissuasão e Projeção de Poder
A existência e a constante modernização desses sistemas de mísseis sublinham a estratégia de longo prazo da China: estabelecer uma dissuasão nuclear incrível e flexível que proteja a China de qualquer contra ataque.
O DF-5C e a família DF-31 são, portanto, mais do que meros armamentos; são símbolos da crescente e um testemunho de sua capacidade tecnológica militar.
