A Dívida Externa dos Estados Unidos: Quem Realmente a Sustenta?
A dívida dos Estados Unidos é um dos principais pontos de debate econômico e geopolítico do mundo moderno.
Em 2025, ela ultrapassa os US$ 34 trilhões, valor que supera o próprio PIB americano anual.
Isso levanta a questão: essa dívida é impagável?
E quem realmente financia o estilo de vida dos americanos?
O Tamanho da Dívida e a Capacidade de Pagamento
Os EUA arrecadam cerca de US$ 4 trilhões por ano em impostos federais.
No entanto, só o pagamento de juros da dívida já ultrapassa US$ 1 trilhão ao ano — quase 20% do orçamento.
Isso significa que, mesmo sem contar os gastos com saúde, defesa e previdência, o governo já enfrenta enorme dificuldade em equilibrar as contas.
Na prática, a dívida americana não é paga de forma integral: ela é rolada indefinidamente.
Os EUA emitem novos títulos para pagar os antigos, ampliando o montante total.
O Privilégio Exorbitante do Dólar
O Dólar Americano usufrui de um conceito econômico chamado "privilégio exorbitante".
Na prática, isso significa que:
Demanda Constante e Inesgotável: Países, bancos centrais, empresas e investidores em todo o mundo precisam de dólares para realizar comércio internacional (como petróleo e commodities), manter suas reservas e realizar investimentos seguros. Isso cria uma demanda artificialmente alta e constante por ativos americanos, principalmente os Títulos do Tesouro (a dívida dos EUA).
Custo de Empréstimo Baixo: A alta demanda pelos títulos do Tesouro permite que o governo dos EUA pegue empréstimos a taxas de juros mais baixas do que qualquer outro país com um nível de dívida/PIB comparável. Isso reduz significativamente o custo anual de manutenção da dívida.
Risco de Calote Quase Nulo: Como os EUA emitem dívida na sua própria moeda (o dólar), eles sempre podem, teoricamente, emitir mais moeda para pagar seus credores. Isso elimina o risco de insolvência que atinge países que emitem dívida em moeda estrangeira.
O Papel dos Países Estrangeiros
O que sustenta esse sistema é o fato de o dólar ser a moeda de reserva mundial.
Diversos países compram títulos da dívida americana e acumulam dólares em seus bancos centrais, como forma de segurança e garantia em transações internacionais.
Entre os maiores credores estrangeiros dos EUA estão:
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Japão – mais de US$ 1 trilhão em títulos.
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China – cerca de US$ 800 bilhões, apesar de ter reduzido participação nos últimos anos.
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Reino Unido, Luxemburgo, Suíça e outros países europeus.
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Nações exportadoras de petróleo, que recebem dólares e os reinvestem em títulos do Tesouro.
Ou seja, o mundo inteiro financia o padrão de vida americano.
Produtos Baratos, Ganhos Altos
Esse arranjo cria um desequilíbrio:
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Os EUA importam produtos baratos (principalmente da Ásia e da América Latina).
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Pagam em dólares, que eles mesmos podem emitir.
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Enquanto isso, os países que recebem os dólares voltam a investi-los em títulos da dívida americana, sustentando o ciclo.
Com isso, os americanos conseguem manter produtos de consumo acessíveis e salários médios altos, enquanto parte do resto do mundo carrega o peso da valorização do dólar e da instabilidade das próprias moedas.
Cenário Sem o Dólar Internacional
Se o dólar perdesse subitamente sua posição como moeda de reserva global — um processo conhecido como desdolarização —, o cenário para a economia dos EUA seria de crise profunda: