10/01/2025

DÍVIDA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS: QUEM REALMENTE A SUSTENTA?

Estados Unidos


A Dívida Externa dos Estados Unidos: Quem Realmente a Sustenta?

A dívida dos Estados Unidos é um dos principais pontos de debate econômico e geopolítico do mundo moderno.

 Em 2025, ela ultrapassa os US$ 34 trilhões, valor que supera o próprio PIB americano anual.

 Isso levanta a questão: essa dívida é impagável? 

E quem realmente financia o estilo de vida dos americanos?

O Tamanho da Dívida e a Capacidade de Pagamento

Os EUA arrecadam cerca de US$ 4 trilhões por ano em impostos federais

No entanto, só o pagamento de juros da dívida já ultrapassa US$ 1 trilhão ao ano — quase 20% do orçamento. 

Isso significa que, mesmo sem contar os gastos com saúde, defesa e previdência, o governo já enfrenta enorme dificuldade em equilibrar as contas.

Na prática, a dívida americana não é paga de forma integral: ela é rolada indefinidamente

Os EUA emitem novos títulos para pagar os antigos, ampliando o montante total.

O Privilégio Exorbitante do Dólar

O Dólar Americano usufrui de um conceito econômico chamado "privilégio exorbitante". 

Na prática, isso significa que:

  1. Demanda Constante e Inesgotável: Países, bancos centrais, empresas e investidores em todo o mundo precisam de dólares para realizar comércio internacional (como petróleo e commodities), manter suas reservas e realizar investimentos seguros. Isso cria uma demanda artificialmente alta e constante por ativos americanos, principalmente os Títulos do Tesouro (a dívida dos EUA).

  2. Custo de Empréstimo Baixo: A alta demanda pelos títulos do Tesouro permite que o governo dos EUA pegue empréstimos a taxas de juros mais baixas do que qualquer outro país com um nível de dívida/PIB comparável. Isso reduz significativamente o custo anual de manutenção da dívida.

  3. Risco de Calote Quase Nulo: Como os EUA emitem dívida na sua própria moeda (o dólar), eles sempre podem, teoricamente, emitir mais moeda para pagar seus credores. Isso elimina o risco de insolvência que atinge países que emitem dívida em moeda estrangeira.

O Papel dos Países Estrangeiros

O que sustenta esse sistema é o fato de o dólar ser a moeda de reserva mundial

Diversos países compram títulos da dívida americana e acumulam dólares em seus bancos centrais, como forma de segurança e garantia em transações internacionais.

Entre os maiores credores estrangeiros dos EUA estão:

  • Japão – mais de US$ 1 trilhão em títulos.

  • China – cerca de US$ 800 bilhões, apesar de ter reduzido participação nos últimos anos.

  • Reino Unido, Luxemburgo, Suíça e outros países europeus.

  • Nações exportadoras de petróleo, que recebem dólares e os reinvestem em títulos do Tesouro.

Ou seja, o mundo inteiro financia o padrão de vida americano.

Produtos Baratos, Ganhos Altos

Esse arranjo cria um desequilíbrio:

  • Os EUA importam produtos baratos (principalmente da Ásia e da América Latina).

  • Pagam em dólares, que eles mesmos podem emitir.

  • Enquanto isso, os países que recebem os dólares voltam a investi-los em títulos da dívida americana, sustentando o ciclo.

Com isso, os americanos conseguem manter produtos de consumo acessíveis e salários médios altos, enquanto parte do resto do mundo carrega o peso da valorização do dólar e da instabilidade das próprias moedas.

Cenário Sem o Dólar Internacional

Se o dólar perdesse subitamente sua posição como moeda de reserva global — um processo conhecido como desdolarização —, o cenário para a economia dos EUA seria de crise profunda:

Cenário com o Privilégio do Dólar (Hoje)Cenário Sem o Privilégio do Dólar (Risco)
Baixo Custo da Dívida: Juros mais baixos devido à alta demanda global.Alto Custo da Dívida: Juros disparariam, pois os EUA teriam que pagar prêmios muito maiores para atrair compradores.
Fácil Financiamento: O mundo absorve o volume crescente de títulos.Dificuldade de Financiamento: O governo teria que cortar drasticamente gastos ou aumentar impostos de forma massiva.
Zero Risco de Inadimplência: O Fed pode injetar liquidez (imprimir dinheiro).Crise de Confiança: Mercados questionariam a capacidade de pagamento. A dívida passaria a ser vista como de alto risco, levando a uma desvalorização brutal do dólar no exterior.
Inflação Exportada: O excesso de dólares é absorvido pelo mercado global.Inflação Doméstica Explosiva: Qualquer emissão de moeda para cobrir a dívida causaria hiperinflação interna, pois o excesso de dinheiro não teria para onde "escapar" no exterior.

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