9/30/2025

124% DÍVIDA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS: UM ROMBO IMPAGÁVEL?

 

Estados Unidos

A Dívida Pública dos EUA em 2025: O Gigante Global é Impagável?

Em 2025, a dívida do governo federal dos Estados Unidos atinge patamares superiores a US$ 37 trilhões, um valor que, à primeira vista, parece desafiar qualquer lógica de sustentabilidade.

 A questão central que ecoa nos mercados e nos círculos políticos é: essa dívida é impagável em relação ao que o país arrecada?

A resposta, baseada em dados estatísticos e na dinâmica econômica global, é complexa: embora o valor absoluto seja alarmante e a trajetória seja insustentável no longo prazo, a dívida americana não está, tecnicamente, à beira do colapso no curto prazo. 

No entanto, o custo para mantê-la está se tornando o principal desafio fiscal do país.

O Tamanho da Dívida e o Indicador Chave: Dívida/PIB

O número de US$ 37 trilhões é colossal. 

Para avaliar a real capacidade de pagamento de um país, os economistas olham para a relação Dívida/PIB (Produto Interno Bruto), que mede a dívida em comparação com a riqueza total produzida pela nação.

  • Dívida/PIB em 2025: A relação da dívida federal dos EUA em relação ao PIB está acima de 124% (dados de 2024/2025).

Isso significa que a dívida do governo é significativamente maior do que o valor total de bens e serviços que o país produz em um ano. 

Embora países desenvolvidos como o Japão (com relação Dívida/PIB muito superior) consigam conviver com dívidas altas, o percentual americano é um ponto de atenção.

O Alerta dos Analistas: 

Especialistas indicam que, se a dívida cresce consistentemente mais rápido do que a economia (como tem ocorrido nos EUA), ela se torna insustentável no longo prazo. 

O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) projeta que essa relação continuará a crescer nas próximas décadas, aprofundando o risco fiscal.

Real Custo da Dívida: Juros Superando Gastos Essenciais

O verdadeiro problema da dívida americana em 2025 não é a obrigação de quitá-la integralmente de uma vez — o governo simplesmente rola a dívida antiga emitindo novos títulos. 

O problema é o custo de manutenção.

Com o aumento das taxas de juros (como resposta do Federal Reserve à inflação nos últimos anos), os gastos do governo com o pagamento de juros da dívida pública atingiram valores recordes.

  • Juros vs. Arrecadação: Em 2025, as despesas com juros da dívida estão se aproximando e, em algumas projeções, tendem a superar de forma mais evidente os gastos com a defesa nacional.

  • Ameaça Fiscal: Quando o custo para rolar a dívida consome uma fatia cada vez maior da arrecadação fiscal (Receitas do Estado), o governo tem menos recursos para investir em programas sociais, infraestrutura ou, como é visto nos planos atuais, para financiar grandes cortes de impostos. O déficit orçamentário (a diferença entre o que o governo gasta e o que arrecada) tem se mantido em patamares elevadíssimos.

Por Que o Mundo Ainda Confia na Dívida Americana?

Apesar da magnitude da dívida, o dólar americano e os títulos do Tesouro dos EUA ainda são o porto seguro do sistema financeiro global. 

Essa confiança se baseia em três pilares:

  1. Dólar como Moeda de Reserva: O dólar é a principal moeda de comércio e reserva do mundo. Quase todas as transações internacionais (como petróleo) são cotadas em dólar, garantindo uma demanda constante por ativos americanos.

  2. Mercado de Títulos Profundo: O mercado de títulos do Tesouro dos EUA é o mais líquido e seguro do planeta. Nações, bancos centrais e grandes investidores continuam comprando esses títulos porque, em tempos de crise, são vistos como a aplicação mais confiável para guardar capital.

  3. Capacidade de Emitir Moeda: Por controlar a moeda de reserva global, os EUA possuem uma flexibilidade única para emitir dívida em sua própria moeda (o dólar), mitigando o risco de insolvência.

A dívida é impagável?

A resposta direta: sim, a dívida externa dos Estados Unidos é tecnicamente impagável.

Isso porque:

  1. O valor total já supera em muito a capacidade de arrecadação.

  2. O país continua emitindo novos títulos para pagar dívidas antigas — uma espécie de “bola de neve” financeira.

  3. Cortar gastos de forma suficiente é politicamente impossível, pois afetaria defesa, saúde e previdência.

A única razão pela qual os EUA não quebram é porque o dólar é a moeda de reserva global

Ou seja, enquanto o mundo aceitar dólares, Washington pode imprimir mais e rolar sua dívida indefinidamente.


Os riscos para o futuro

Apesar de não haver risco imediato de calote, a dívida americana gera consequências perigosas:

  • Inflação estrutural: emissão constante de dólares desvaloriza a moeda no longo prazo.

  • Perda de confiança internacional: se China, Japão ou outros grandes credores reduzirem suas compras de títulos, os EUA enfrentarão uma crise de financiamento.

  • Crise de dominó global: como o dólar é base do comércio mundial, qualquer instabilidade pode desencadear uma recessão global.

  • Custo interno crescente: cada dólar arrecadado é cada vez mais consumido para pagar juros, deixando menos espaço para investimentos em infraestrutura, tecnologia e programas sociais

 Risco da Desdolarização

Embora a dívida não seja impagável no sentido de calote iminente, o risco de desdolarização é real. 

Países como a China, por exemplo, têm vendido ativamente parte de suas reservas em títulos do Tesouro americano, buscando diversificação (em moedas alternativas ou ouro) para reduzir a dependência geopolítica e a vulnerabilidade às sanções americanas. 

Se essa tendência se acelerar, a demanda por títulos dos EUA diminuiria, elevando ainda mais os custos de empréstimos do governo.

Em conclusão, a dívida dos EUA em 2025 não é impagável no sentido literal, graças à sua posição única no mundo. 

Contudo, ela é insustentável em sua trajetória atual

O verdadeiro drama fiscal é o crescimento explosivo dos juros, que está limitando o futuro econômico do país ao consumir recursos essenciais e tornar o orçamento federal refém de seus próprios encargos financeiros.

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