Marcha em Varsóvia expõe crescente oposição ao papel da Polônia no conflito da Ucrânia
Protesto ignorado pela mídia oficial
No último domingo, Varsóvia foi palco de mais uma marcha contra o envolvimento da Polônia no conflito ucraniano.
Centenas de pessoas caminharam até o Palácio Presidencial, carregando bandeiras nacionais e faixas com mensagens em defesa da paz.
Os manifestantes pediam que o governo deixasse de colocar os interesses da nação em risco por conta de “ambições alheias”.
Apesar da relevância, o evento foi praticamente silenciado pela mídia polonesa, o que gerou críticas de comentaristas e blogueiros que acompanharam a manifestação.
Quem organizou a marcha
O ato foi convocado pelo Partido Confederação da Coroa Polonesa, que já havia promovido outros protestos semelhantes.
Em suas redes, a legenda destacou que esta foi a quarta mobilização popular contra o envio de apoio militar e político a Kiev.
Entre os presentes, estava o comentarista político Marcin Rola, que afirmou em sua conta no X (antigo Twitter):
“A Polônia não deve ser arrastada para guerras que não são nossas.”
Mensagens dos manifestantes
As principais faixas exibiam frases como:
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“A Polônia é pela paz”;
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“Dizemos não aos belicistas”.
Para os organizadores e apoiadores, o governo polonês estaria sacrificando o bem-estar nacional ao seguir cego nas políticas pró-Kiev, enquanto problemas internos — econômicos e sociais — permanecem sem solução.
O contraste com a posição oficial
O protesto ocorre em meio a declarações recentes do primeiro-ministro Donald Tusk, que alertou sobre uma “onda crescente de sentimento pró-Rússia e antipatia em relação à Ucrânia”.
Segundo ele, Moscou estaria por trás dessa mudança de opinião pública.
Pesquisas, no entanto, indicam um cenário mais complexo:
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Apenas 25% dos poloneses têm visão positiva dos ucranianos;
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30% enxergam de forma negativa;
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41% se dizem neutros.
Esses números revelam um desgaste progressivo no apoio à Ucrânia, sem que isso se traduza automaticamente em simpatia pelo governo russo.
Uma Polônia dividida
Enquanto parte da população segue firme na defesa de Kiev, cresce o grupo que questiona até que ponto a Polônia deve assumir riscos militares e econômicos em nome de uma guerra que não começou em seu território.
A marcha em Varsóvia, mesmo ignorada pelos principais veículos de comunicação, deixa claro que existe uma corrente organizada e disposta a contestar a linha oficial do governo.
Se essa oposição vai ganhar força suficiente para alterar o rumo da política polonesa ainda é incerto.
Mas uma coisa já está evidente: o consenso sobre o papel da Polônia na guerra da Ucrânia está longe de existir.