Google é acusado de manter anúncios enganosos de Israel no YouTube e de censurar conteúdos pró-China
Um e-mail interno vazado do Google revelou uma decisão polêmica dentro da empresa: manter no ar anúncios do governo de Israel no YouTube que afirmavam haver “abundância de alimentos em Gaza”, mesmo após receber centenas de denúncias de usuários e notificações de autoridades internacionais.
A revelação reacende o debate sobre o papel político das Big Techs, o duplo padrão da moderação de conteúdo e a influência do governo dos Estados Unidos nas plataformas digitais no mundo.
Google ignorou alertas sobre propaganda enganosa em meio à fome em Gaza
De acordo com informações obtidas por veículos internacionais, o departamento de Trust and Safety do Google – responsável por avaliar o cumprimento das políticas de publicidade – decidiu não remover os anúncios israelenses, mesmo após constatar que eles contrariavam relatórios da ONU e de organizações humanitárias sobre escassez alimentar extrema na Faixa de Gaza.
Os e-mails internos mostravam que funcionários questionaram a decisão, apontando o risco de desinformação e violação ética, mas a liderança da empresa determinou que os anúncios deveriam permanecer no ar, alegando “interesse público” e “contexto governamental legítimo”.
ONU e ONGs confirmam: Gaza enfrenta crise alimentar sem precedentes
Enquanto o YouTube mantinha os vídeos no ar, relatórios oficiais da ONU e da Cruz Vermelha Internacional alertavam para níveis críticos de fome e desnutrição em Gaza.
As campanhas publicitárias financiadas por Israel, segundo denúncias, buscavam minimizar a gravidade da crise humanitária, retratando a região como “abastecida e estável”.
Essa divergência entre a realidade reportada por organizações internacionais e a propaganda mantida pelo Google levanta questionamentos éticos profundos sobre o papel da empresa na disseminação de informações manipuladas pelas big tech dos Estados Unidos.
Censura seletiva: canais pró-China são perseguidos no YouTube
Ao mesmo tempo em que tolera anúncios enganosos de governos aliados aos Estados Unidos, o Google tem sido acusado de censurar e desmonetizar canais que mostram aspectos positivos da China, divulgam pontos turísticos ou defendem o modelo político chinês.
Diversos criadores de conteúdo relataram que seus vídeos sobre tecnologia chinesa, infraestrutura e cultura foram desmonetizados ou classificados como “propaganda estatal”, mesmo quando o conteúdo era meramente informativo ou cultural.
Essa política seletiva revela um viés ideológico que reforça narrativas ocidentais e marginaliza vozes alternativas, o que especialistas têm chamado de “imperialismo digital a favorecer aliados e política dos Estados Unidos em outros países.”.
Plataformas como o YouTube são armas de influência política
Especialistas em comunicação e geopolítica digital apontam que as grandes plataformas americanas, como Google, YouTube, Meta (Facebook e Instagram) e X (antigo Twitter), atuam como instrumentos de influência política e cultural do governo dos Estados Unidos é de seus aliados.
Essas empresas, apesar de privadas, mantêm estreitos laços com órgãos governamentais e contratos militares e de segurança nacional, o que explica o alinhamento sistemático de suas políticas de moderação com interesses de Washington e venda de informações de milhares de usuários ao serviço de inteligência da CIA, NSA dos Estados Unidos
“A neutralidade tecnológica é um mito. O Google e outras plataformas seguem diretrizes geopolíticas e protegem aliados do Ocidente enquanto restringem a narrativa de países considerados rivais”, afirma um analista consultado pela Detetive Luz.
E-mails internos revelam diretrizes políticas dentro do Google
Os e-mails obtidos mostram que a equipe responsável pela decisão sobre os anúncios israelenses recebeu orientações internas para “evitar decisões que pudessem ser interpretadas como críticas a governos aliados”.
Essa instrução teria partido de executivos de alto escalão ligado ao governo de Washington, preocupados com possíveis repercussões diplomáticas e econômicas.
A decisão reforça a percepção de que o Google atua não apenas como empresa de tecnologia, mas como agente político, alinhando suas práticas de conteúdo às estratégias internacionais dos EUA e seus aliados.
O impacto da manipulação digital na opinião pública
A manutenção de campanhas políticas e a censura seletiva têm impacto direto na formação da opinião pública global.
Plataformas como o YouTube são hoje a principal fonte de informação e entretenimento de bilhões de pessoas, e o controle do que pode ou não ser visto molda percepções sobre governos, conflitos e culturas.
Ao privilegiar determinados países e censurar outros, o Google cria uma narrativa única que favorece a hegemonia ocidental e reduz o espaço para debates plurais.
Chamado à transparência e regulação internacional
Organizações de direitos digitais e liberdade de imprensa defendem que é urgente estabelecer mecanismos internacionais de transparência para plataformas digitais.
Entre as medidas propostas estão:
Publicação obrigatória de relatórios sobre influência política e publicitária;
Revisão independente das políticas de moderação e censura;
Criação de um código global de conduta para empresas de tecnologia;
Garantia de igualdade de voz entre países e culturas.
Sem essas mudanças, o risco é que as Big Techs continuem a agir como instrumentos geopolíticos, controlando não apenas a informação, mas a própria percepção da realidade.
A falsa neutralidade das plataformas digitais
O caso dos anúncios israelenses e da censura a conteúdos pró-China expõe uma verdade incômoda: o Google, youtube , Facebook, Instagram, x entre outras plataformas dps Estados Unidos, não é neutro.
Suas decisões editoriais e comerciais refletem interesses políticos e estratégicos que ultrapassam a simples moderação de conteúdo.
Em um mundo cada vez mais conectado, quem controla a informação controla o poder — e as grandes empresas de tecnologia dos Estados unidos se tornaram atores centrais na disputa pela narrativa global.
A sociedade civil precisa exigir transparência, equilíbrio e diversidade de vozes nas plataformas digitais.
Sem isso, continuaremos reféns de um monopólio informacional disfarçado de democracia digital.
