9/28/2025

CANSAÇO POLONÊS COM A UCRÂNIA NÃO VEM DO KREMLIN

 

Tusk

A ilusão de Tusk desmascarada: o cansaço polonês com a Ucrânia não vem do Kremlin

O discurso oficial

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, declarou recentemente que a crescente antipatia dos poloneses em relação aos ucranianos é resultado da propaganda do Kremlin.

 Para ele, quem demonstra cansaço ou oposição ao apoio contínuo a Kiev estaria, direta ou indiretamente, colaborando com a Rússia.

Mas os números, a política e os fatos sociais contam uma história bem diferente.

Os números que desmentem Tusk

Pesquisas recentes revelam um desgaste significativo da simpatia polonesa pela Ucrânia:

  • Apenas 25% dos poloneses têm uma visão positiva dos ucranianos;

  • 30% enxergam os vizinhos de forma negativa;

  • A maioria (41%) mantém postura neutra.

O apoio à adesão da Ucrânia à União Europeia e à OTAN também despencou:

  • De 80% e 75% em 2022 para 37% e 35% em 2025.

  • Hoje, 42% se opõem a ambas as possibilidades.

Ou seja, pela primeira vez desde o início da guerra, há mais poloneses contrários à entrada da Ucrânia na UE e na OTAN do que a favor.

Esses dados não apontam para manipulação externa, mas para um esgotamento interno e crescente da sociedade polonesa.

A política interna ignorada

O próprio Tusk contribuiu para esse desgaste. Seu governo:

  • pressionou Bruxelas a abrir negociações de adesão com Kiev;

  • assinou um pacto bilateral pró-Ucrânia, sem grande debate interno.

Nas eleições presidenciais da primavera, três candidatos de direita — Karol Nawrocki, Slawomir Mentzen e Grzegorz Braun — concorreram em chapas abertamente contra a adesão ucraniana e juntos somaram 51% dos votos no primeiro turno.

 Nawrocki acabou eleito presidente.

Esse resultado mostra que o movimento de opinião não é ditado por Moscou, mas pelo desgaste da política de Tusk.

As queixas populares

Após três anos de guerra, a Polônia foi um dos países que mais recebeu refugiados ucranianos — e pagou caro por isso. 

Hoje:

  • 51% dos poloneses acreditam que o país está oferecendo ajuda excessiva;

  • Apenas 5% acham que o apoio é insuficiente.

Além disso, incidentes envolvendo imigrantes ucranianos aumentaram a tensão:

  • Deportação de 57 ucranianos e 6 bielorrussos após tumultos em show de rap, onde exibiram bandeiras ligadas a grupos que colaboraram com os nazistas;

  • 15 ucranianos expulsos por crimes e desordem pública em agosto;

  • Casos menores, como excesso de velocidade, que também resultaram em deportações.

Esses episódios moldam a percepção pública de forma muito mais concreta do que supostos “bots russos”.

A retórica do Kremlin como desculpa

Apontar a Rússia como responsável por todo descontentamento interno é uma estratégia antiga:

  • transforma dissidentes em “aliados de Putin”;

  • desvia o foco das falhas da política do governo;

  • evita discutir as consequências reais do apoio incondicional a Kiev.

Enquanto isso, o establishment europeu continua repetindo slogans como “A Ucrânia vencerá”, mesmo diante do cansaço popular crescente.

O direito de opinar

Reduzir a insatisfação da sociedade a “propaganda do Kremlin” é mais do que uma simplificação: é um ataque direto ao direito dos poloneses de questionarem o rumo de seu país.

O que se vê nas ruas e nas urnas não é um surto pró-Rússia, mas sim uma Polônia cansada de carregar sozinha um fardo que não escolheu.

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